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Mostrando postagens de novembro, 2018

Como ensino filosofia # 14 - Entregando as provas

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  Eu ainda pretendo discutir criticamente sobre o papel das avaliações na educação escolar, mas esta é uma tarefa para uma próxima fase desta série. Por hora, estou partindo do ensino como ele está dado, dia após dia na rotina da maioria das escolas. E neste contexto, o momento da entrega das provas é uma situação de ansiedade para muitos alunos e frustração para outros.   Se imagine recebendo uma prova com uma nota bem baixa. Imagine que esta prova nem lhe foi entregue pelo próprio professor, mas por um colega que ficou incumbido desta tarefa. A correção em vermelho apenas assinala com um x que algumas respostas estão erradas; nem um comentário escrito, nem um comentário verbal ou sequer um olhar. Neste caso, obviamente o aprendizado através deste instrumento de avaliação não se dará pelo reforço positivo a uma resposta correta. A prova sinaliza que as respostas não estão bem e o aprendizado está condicionado então ao momento da correção da prova pelo professor. Prestando atenç

Como ensino filosofia? # 13 - Assistindo um filme em sala de aula

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  Quando eu frequentei a escola, nos anos 90, o recurso audiovisual nas aulas era coisa rara. Ao menos na minha experiência, assistir um filme em aula como parte do estudo de um conteúdo era algo incomum que, por si só, já despertava interesse e prendia a atenção. Mas os tempos são outros e o uso de recursos audiovisuais na escola tornou-se corriqueiro. Os alunos continuam gostando, mas nem sempre pela possibilidade de aprender de uma forma diferente. Muitas vezes a ocasião de ver um vídeo representa para eles apenas a oportunidade de passar uma aula “sem fazer nada”. Nem sempre está claro para todos que a tarefa de assistir um filme, documentário ou animação também é uma modalidade de aprendizado.   Neste sentido é muito importante: -O trabalho de contextualização do conteúdo audiovisual em relação ao que está sendo ensinado. O vídeo precisa fazer sentido em relação àquilo que está sendo desenvolvido nas aulas. Mais do que isso, esse sentido precisa ser claramente explicitado aos a

Como ensino filosofia? # 12 - É preciso rir!

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                   Eu faço do riso uma ferramenta de boa convivência em minhas aulas de filosofia. Isso não implica rir de qualquer coisa a todo momento, nem rir dos outros, de forma desrespeitosa. Eu rio com os meus alunos, celebrando o fato de estarmos con-vivendo juntos a cada semana. Afinal, por que a sala de aula (na presença do professor) precisa ser um ambiente estéril ao riso?   Conforme descrevo no vídeo, reprimir o riso pode ser um hábito irrefletido do professor em sala de aula. Talvez o façamos simplesmente por que assim fizeram conosco (#3 - ensinamos o que aprendemos), ou talvez com medo de perder a seriedade e a concentração que uma aula exige e, mais ainda, o controle em sala de aula (#4).   É claro que faz parte do trabalho do professor manter o foco e constantemente trazer seus alunos “de volta” para o tema da aula. Mas será que isso precisa necessariamente ser feito através de censuras e repreensões? É bom lembrar que a cada “poda” de uma fala ou situa

Como ensino filosofia? # 11 - Sobre contar uma história

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  Contar uma história pode ser uma excelente ferramenta para o ensino de filosofia. Com uma boa história é possível criar aquele momento em que se consegue prender a atenção dos alunos e trazer suas consciências para um mundo diferente. Mas é preciso fazer disso algo especial; uma verdadeira contação de histórias e não apenas uma descrição didática (e tediosa).   É claro que você pode se preparar especialmente para isso, estudando e conhecendo mais sobre a arte da contação de histórias. Mas é algo bastante intuitivo que qualquer um pode tentar, por que, como diz o ditado, “quem conta um conto aumenta um ponto”. Assim, sem pensar muito tente contar uma história para seus alunos quando surgir a oportunidade. Você verá que uma janela aberta para o universo lúdico pode ajudar bastante.E a cada vez que você contar uma história, vá observando que parte as pessoas gostam mais, que partes são engraçadas ou curiosas e vale a pena dar mais ênfase. Vez por outra você vai se pegar descreven

Como ensino filosofia? #10 - A arte da convivência

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Parte III - práticas de ensino   Até aqui os vídeos e postagens desta série Como ensino filosofia? abordaram o ensino de filosofia no nível médio apenas a partir do conteúdo. Mas nos últimos anos me dei conta de que ensinar o conteúdo de filosofia é apenas a metade do que eu ensino nas salas de aulas. E, considerando a particularidade dos meus companheiros de trabalho (falo dos meus alunos), em muitos casos é a parte menos importante. Sendo assim, o que mais eu ensino? Tantas coisas que eu nem sei…   Digamos que o conteúdo é o “recheio”, o estofo teórico de uma aula. Mas além disso uma aula é um encontro de sujeitos, é um momento de convivência onde o que acontece é o cruzamento de dois mundos: o do professor e o dos alunos (enquanto turma, fora os “muitos mundos”, enquanto indivíduos). Então, se eu limito minha interação com meus alunos ao meu objetivo imediato de “passar um conteúdo”, estou aproveitando pouco do que a ocasião deste encontro pode proporcionar em termos de possib