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Mostrando postagens de janeiro, 2019

Como ensino filosofia? # 23 - O Jogo da linha divisória

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A   É sempre bom ter algumas brincadeiras ou dinâmicas na manga para entreter os alunos. Elas servem para os dias em que a maioria da sala não está (véspera de feriados, perto das férias, etc.), ou também como moeda de troca na negociação cotidiana. Quando os alunos me pedem muito para fazer algo diferente e eu tenho outra coisa importante, então lanço o desafio: “se nos concentrarmos e terminarmos o que estamos fazendo, podemos jogar um pouco depois”.     O vídeo descreve esta dinâmica que chamei de “jogo da linha divisória”, algo bastante simples, mas que os alunos gostam bastante. Não tem segrego, o procedimento está explicado no vídeo. Mas algo que eu não disse ali é que é preciso do comando “volta”, depois de cada pergunta. Ou seja, após os alunos terem se posicionado para frente ou para trás conforme a resposta positiva ou negativa, é preciso retornar à linha de origem para a próxima pergunta. Então eu faço a pergunta, todos respondem se posicionando no lugar do

Como ensino filosofia # 22 - Exigir menos silêncio

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  No dia a dia fazemos silêncio por diferentes motivos: quando precisamos ouvir melhor o que alguém diz, quando precisamos pensar melhor em alguma coisa, quando estamos em grupo e outra pessoa está com a palavra; como aquele ditado que me repetiam quando eu era criança: “quando um burro fala os outros abaixam a orelha”. É verdade que o silêncio também pode ser um método para se acalmar ou buscar algo dentro de si mesmo, ainda que tal uso seja menos popular hoje em dia.   Embora a justificativa para o silêncio na escola seja a qualidade da concentração nos estudos, na prática o seu uso tem muito mais a ver com respeito e comportamento adequado. Faz parte do ensino escolar moldar crianças e jovens para se tornarem uma audiência, isto é, um coletivo capaz de permanecer ouvindo o que um só tem a dizer. É claro que esse aprendizado é importante para desenvolver a habilidade de socialização dos alunos. Todos nós sabemos como é desagradável encontrar gente sem noção no cinema,

Como ensino filosofia? # 21 - Compartilhar um projeto pessoal

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  Dividir algo com meus alunos tornou-se um hábito. Com muito frequência conto a eles algo que vi, que vivi, que li ou que ouvi. Por vezes isso ocorre em meio a algum exemplo ou relação com o que estamos estudando, mas outra vezes não; é apenas para puxar assunto. Fazendo isso eu os entretenho, mas também acabo ensinando muitas coisas indiretamente.    Por conta deste hábito, com o passar do tempo percebi como é significativo compartilhar um projeto pessoal, ou seja, algo que você está desenvolvendo ao longo do ano letivo. Essa percepção ocorreu de forma bem natural: como eu costumo contar aos meus alunos um pouco da minha história de vida no primeiro dia de aula, todos eles ficam sabendo do motivo pelo qual me mudei, há sete anos, de Florianópolis para o município de Garopaba. E o que me trouxe para cá foi a intenção de ter um contato mais intenso com a natureza, cultivando parte dos meus alimentos. A este nosso projeto de vida eu dei um nome: “(agri)cultura de subsi

Como ensino filosofia? # 20 - Sobre ser legal

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     Uma sala de aula, como qualquer reunião social, consiste em um jogo de forças; de energias. Alguns professores têm sucesso em submeter todas as demais forças da sala à sua própria; por bem ou por mal. Este método, onde se opõe uma força às demais funcionou muito no passado e até pode continuar funcionando, mas sob a pena de que, a todo início de ano, o professor encontre pela frente o desafio de submeter cada classe à sua influência, seja da maneira que for. Alguns o fazem pela ostentação de uma sombria fama autoritária; outros de forma mais leve. Mas será este o único jeito?   Das minhas aproximações com a sabedoria milenar do Yoga, aprendo que o meio de superar forças que às vezes nos excedem é não se opor frontalmente a elas; mas deixar que encontrem seu fluxo. Mestre Hermógenes, em Yoga para nervosos (s/d) dá um fantástico exemplo: o do nadador experiente, que ao se ver em meio a uma forte corrente, não tenta nadar contra ela, mas se deixa levar fazendo uma volta mais

Como ensino filosofia # 19 - O jogo das perguntas

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                     O jogo das perguntas    Como descrevi no vídeo, o jogo das perguntas é uma dinâmica de grupo que reservo para os momentos em que estamos copiando a matéria no quadro. Ao longo dos anos esta dinâmica deixou de ser apenas um passatempo para se tornar parte integrante do meu ensino de filosofia. Isto por que ela favorece um tipo de aprendizado que passei a considerar com uma das coisas mais necessárias e urgentes para o ensino escolar: o desenvolvimento da inteligência emocional.   O mais importante não é passar por várias perguntas, mas sim criar um ambiente onde a subjetividade possa aparecer de forma segura na sala de aula. Com as perguntas eu abordo temas pessoais ligados aos sentimentos, que raramente figuram como objeto de qualquer disciplina. Mas não se trata de questões que levem o aluno a expor sua vida pessoal em detalhes, e sim aspectos subjetivos mais internos relacionados ao modo como todos nós lidamos com nosso ser. Dessa forma o que vai se for