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Mostrando postagens de maio, 2019

Como ensino filosofia? # 39 - Aula sem matéria - 2o ano

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  A experiência de um bimestre de aula sem matéria para o segundo ano exigiu mais fôlego, uma vez que se trata do dobro da carga horária (2 aulas por semana) em relação ao primeiro ano. Mas esse tempo extra também permite voos um pouco mais altos nas atividades propostas.   Mantendo o ideal de “treinamento escolar”, ou seja, ver no ensino de filosofia a possibilidade de dar contribuições concretas à prática de estudar, decidi encarar de frente um problema recorrente em alunos do ensino médio: a vaga noção das fases da História. Conforme expliquei no vídeo, uma atividade inicial de confecção de um cartaz com uma linha do tempo ocupou a turma toda por três ou quatro encontros. O restante do bimestre segue com atividades mais curtas e termina com um filme. Nenhuma matéria no quadro, mas bastante coisa para se fazer em cada aula. A ideia central foi a de consolidar o entendimento das fases principais da história, em conexão com as fases do pensamento filosófico.   O problema de propor

Como ensino filosofia # 38 - Aula sem matéria - 1o ano

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  Na primeira tentativa a incerteza foi grande, mas consegui chegar ao final de um bimestre sem nenhuma matéria no quadro para copiar e sem provas no estilo tradicional. Hoje percebo que minha proposta de aula sem matéria se apoiou em três elementos: -atividades variadas a cada encontro - a presença constante do conteúdo filosófico como pano de fundo. - ênfase no trabalho de registro de aulas no caderno, por parte dos alunos.    Conforme prometido, segue o link para o acesso a esta programação do primeiro bimestre sem matéria para primeiro ano do ensino médio:  https://drive.google.com/file/d/1w8UBh392eYhIadU_IYuYdW8Mji81zSE4/view?usp=sharing   Como tentei mostrar no vídeo, foi importante dedicar uma boa parte do primeiro encontro para “vender” a proposta. Ou seja, mostrar aos alunos que além de uma experiência diferente das outras aulas, aquilo poderia realmente ajudá-los a aprender a estudar e a escrever melhor. Pude sentir que alguns realmente valorizaram meu e

Texto produzido para a Unidade de aprendizagem Estética e História da Arte - - 2019- a3

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Gentilmente cedido pelo estudante Fernando A. Montanari. A MÚSICA MINIMALISTA REVELANDO O HUMANO COMPLEXO   Brevíssimos pensamentos sobre a 3ª Sinfonia de Henryk Górecki sob viés filosófico-antropológico-idealista Fernando Alves Montanari [1] As percepções que o espírito humano pode alcançar não se resumem aos cinco [2] sentidos que constituem o corpo humano, embora sejam estes as portas de entrada para a formação da complexa consciência [3] que se instaura no ser com o passar de sua vivência [4] e os acontecimentos que nela se desenrolam. Nessa gama de acontecimentos, por vezes, a vida proporciona o contato com uma obra de arte, que age como catalisadora, apresentado, revelando e acelerando uma infinidade de possibilidades e entendimentos sobre o Belo [5] e os sentimentos que animam a alma (COTRIM, 2006, p. 287). Dado a este caráter transcendente [6] , a boa arte, além de suas formas perceptíveis, que são expressões do sentimento exteriorizado pelo exercício da c

Como ensino filosofia? # 37 - Maio de 2019

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De volta às manifestações estudantis    Impossível seguir falando de educação sem mencionar as manifestações estudantis que ocorreram ontem por todo o país! Como neste ano estou de volta à academia (doutorado em filosofia – UFSC) pude ver de perto com satisfação esta enorme mobilização sendo construída pelos estudantes desde o início da semana por todo o campus.    Não é a primeira e não será a última, mas me parece que dois elementos deste grande movimento tomou conta do país merecem atenção: 1 - Quase sempre as greves e manifestações na educação surgem a partir dos professores e os estudantes são logo vistos como “massa de manobra”, para usar as palavras do atual presidente. Mas desta vez esse argumento nem tem como ser postulado. Diante dos cortes de bolsas de pesquisa e da possibilidade real de inviabilização do funcionamento das Universidades públicas e fechamento de Institutos Federais são o alunos quem assumem a dianteira na luta pela sua própria

Como ensino filosofia? # 36 - Aula sem matéria

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  É um fato que a diversidade e complexidade das limitações da educação escolar sugerem uma demolição. Ou seja, para implantar a educação que realmente queremos, algo que possa ser coerente e verdadeiramente significativo para crianças e jovens do século XXI, talvez seja necessário mesmo reinventar por completo não apenas todo o sistema educacional, mas também a escola e o próprio ato (melhor dizendo, as performances) de ser professor e de ser aluno. No dizer de Edgar Morin em A cabeça bem feita (2011), o que precisa ocorrer é um movimento recorrente e retroativo de repensar a reforma e reformar o pensamento.    Acho que nunca enunciei isso diretamente, mas se você tem acompanhado as postagens desta série desde o início, deve estar claro que as singelas reflexões, sugestões e estratégias compartilhadas aqui seguem por uma via tangente: a via de quem, inserido diariamente no chão da escola, não consegue ficar parado esperando o colapso para reinventar tudo; mas ao mesmo

Como ensino filosofia? # 35 - Produções textuais (pesoais) como forma de avaliar

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  Como mencionei no texto do episódio passado, as minhas tentativas de dar mais ênfase à educação emocional de forma integrada aos conteúdos de cada série receberam o apoio de uma forma específica de avaliação; a redação ou produção textual.   Já há algum tempo tenho substituído algumas das provas por estas redações, com um resultado bastante positivo. A ideia central é proporcionar ao aluno um momento de elaboração de um discurso próprio relacionado à sua própria vida ou experiência. Diferente da abordagem mais dissertativa que é característica das redações, aqui o foco é introspectivo. Os temas são sempre relacionados de alguma forma ao conteúdo, mas com ênfase na experiência pessoal do indivíduo.    Com esse exercício os objetivos são:  Exercitar a capacidade de se expressar sobre seus pensamentos e sentimentos;  Treinar a escrita;  Desenvolver a habilidade de construir um texto.   Mas para alcançar estes objetivos, percebi que são necessárias algumas condições espe