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Mostrando postagens de março, 2019

# 30 - Não há tempo para mudar

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  Como um espelho da sociedade pós-moderna, a escola reflete o ritmo acelerado do cotidiano. Em primeiro plano, isso é sentido por alunos e professores através do próprio sinal sonoro que determina o que aprender a cada 45 minutos. Se, por um lado, o aluno precisa estar a disposto a mudar de objeto de aprendizagem a cada uma ou duas aulas, o professor precisa se acostumar ao fato de que, uma vez soado o sinal que indica o final da aula, todas as atenções se desligam automaticamente num ato de puro condicionamento operante.   Mas para além deste ritmo de aprendizagem tenazmente definido pelo relógio, a escassez de tempo se mostra mais dramática na tarefa essencial de organização e planejamento de atividades escolares. Como tentei dizer no vídeo, a falta de tempo para planejar, implementar e acompanhar o andamento de diretrizes e projetos acaba por frustrar as boas intenções de tantos profissionais da educação. Enquanto equipe (professores, setor pedagógico e direção) tudo o que p

Como ensino filosofia? # 29 - Cíticas à educação escolar/ parte III ( críticas insiders e outsiders)

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  Levando a sério e verificando na prática a validade destas críticas à educação escolar (apresentadas nas duas últimas postagens e também neste vídeo), em diversos momentos da minha carreira na escola pública senti que meu trabalho diário na sala de aula estava sendo um grande erro. E enquanto estava escrevendo esta última linha me lembrei de uma nota antiga que postei no facebook . Fui procurar e ela ainda está por lá, foi escrita em junho de 2015. Reproduzo aqui: Sabe aquele antigo vídeo clip do Pink Floyd em que a escola é representada como uma esteira rolante na qual crianças com caras de boneco são conduzidas a um sinistro moedor, resultando dali uma massa uniforme? Pois então, meu emprego na escola pública é "operador de esteira". E, semana após semana, enquanto vou ajudando a operar a imensa máquina fico sonhando com o dia em que os meninos e meninas vão despertar, decidir deixar de ser apenas mais um tijolo no muro e acabar me jogando no fogo junto com os

Como ensino filosofia? # 29a - Luto

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A todos os que acompanham o projeto como ensino filosofia? decidi adiar o Post 29 e dedicar este espaço a uma breve reflexão sobre o lamentável incidente na escola Raul Brasil em Suzano. Retornamos quinta-feira que vem com mais um episódio da série. Sem mais palavras.

Como ensino filosofia? # 28 - Críticas à educação escolar / parte II (sobre o filme Educação Proibida)

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  A compreensão de que a educação escolar se encontra em crise pode se dar em níveis bem diferentes e está condicionada à própria ideia que temos do que venha a ser “educação” e “desenvolvimento”. Em um nível mais raso, a crise na educação tem a ver especificamente com condições materiais: escolas sucateadas, professores mal preparados, falta de recursos, livros e materiais pedagógicos, tecnologias, etc., etc. Esse geralmente é o nível de compreensão dos discursos políticos durante as campanhas, que associam o sucesso da educação a mais recursos e investimentos. Nesta perspectiva um investimento massivo em recursos para a educação, nos moldes como ela se encontra, seria o suficiente para resolver o problema (embora essa media costume ficar apenas como promessa de campanha mesmo).    Em um nível intermediário, já se pode perceber que e educação escolar padece de um problema “humano” mais complexo: professores mal remunerados que precisam estender sua carga horária ao má