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Mostrando postagens de fevereiro, 2019

Como ensino filosofia? # 27 - Críticas à educação escolar / parte I

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A   Em sete anos tentando ensinar filosofia na escola pública, a problemática da educação escolar permanece para mim como um grande enigma. “Como dar um jeito em tudo isso?” é a questão que volta a me acossar com frequência. Percebo a complexidade da questão justamente pela dificuldade em apontar um conjunto determinado de problemas a resolver, a partir dos quais tudo estaria em ordem. Talvez a escola, como se encontra estruturada, realmente padeça de uma problema de concepção; um problema de design a partir de seus elementos básicos.   Como indiquei no vídeo, muitas das críticas à educação escolar não são novas, mas continuam válidas. O famoso Manifesto dos pioneiros da Escola Nova (1932) já indicava o caráter conteudista e magistrocêntrico (professor no centro da atividade escolar) do ensino escolar no início do século XX. De lá para cá a escola certamente sofreu mudanças, sobretudo no campo da educação infantil. Mas ainda que a mentalidade geral dos professores te

Como ensino filosofia? # 26 - 4a temporada_introdução

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  O desejo antigo de compartilhar minhas experiências com o ensino de filosofia na escola pública se transformou em atitude a partir de janeiro de 2018, quando comecei a produzir os vídeos e conteúdos desta websérie “Como ensino filosofia?”. Aproveitando um tempo livre aqui e ali, o material foi tomando corpo devagar, até ser lançado no mês de agosto. De lá para cá são 25 episódios, um por semana, tentando refletir sobre diferente aspectos do ensino de filosofia no nível médio.    Agora, nesta quarta temporada, chegou o momento de elaborar uma autocrítica pensando em ir mais além dos limites, a partir da realidade que se apresenta. Começo com a dura tarefa de refletir criticamente sobre o ensino escolar como um todo e vamos ver onde isso vai parar! Acompanhe o projeto "Como ensino filosofia?". Toda quinta um novo conteúdo :)

Como ensino filosofia? # 25 - Perguntar o por quê

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  Lamentavelmente, a forma e estrutura do ensino escolar continua a favorecer a ilusão de que o conhecimento humano é um todo completo e bem acabado a ser aprendido pelos alunos. Em vez de ajudar as crianças e jovens a se reconhecerem como parte de uma cadeia de mentes inquietas e curiosas sondando o grande mistério que é a vida na Terra, tendemos a colocá-las como receptáculo de uma produto pronto; como meros espectadores de descobertas já feitas.   Neste contexto, a filosofia no ensino médio representa uma chance de desconstrução dessa entediante miragem epistemológica. Mas é preciso lutar contra a passividade que já se estabeleceu na maioria dos alunos através de anos de educação formal. É aí que o hábito de duvidar precisa ser estimulado em sala de aula. Eu tento fazer isso de diferentes formas. Uma delas é estabelecer o hábito de pedir uma justificativa acerca dos pensamentos de meus alunos. Ou seja, sempre que alguém comenta algo, responde a uma pergunta ou faz uma ressal

Como ensino filosofia? # 24 - Feeling

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  Saber manter uma plateia atenta ao seu discurso é uma habilidade que pode ser desenvolvida por meio de diversas técnicas. É claro que o desafio aumenta quando se trata de 25 a 30 jovens que não necessariamente estão interessados no que você tem a dizer, ou mesmo compartilham das mesmas regras de bom comportamento que você julga adequadas! Mas quando me refiro a um certo feeling , uma intuição sobre os níveis de atenção e interesse de um grupo de pessoas com quem se interage, estou falando sobre algo mais do que boa oratória ou ferramentas de programação neurolinguística. Me refiro a uma espécie de percepção e atenção constante ao “astral” do grupo, isto é, ao somatório das energias dos indivíduos envolvidos na conversa.   É um pouco difícil de explicar, mas enquanto vou encaminhando uma fala em sala de aula consigo ir observando uma média de quantos alunos estão atentos e como eles vão reagindo ao que está sendo dito. Até aí, nada mais do que a boa observação das exp