Séria Boas práticas - Resenha
UNIVERSIDADE DO
SUL DE SANTA CATARINA – Unisul Campus Virtual
Avaliação a
Distância (AD)
Curso: Filosofia,
UA: Discurso Filosófico
Prof.: Carlos
Euclides Marques
Nome: Marta
Vasconcelos Bistene Aires
Data: 04/11/2020
SAUNDERS, Clare; MOSSLEY, David; ROSS, George
MacDonald; LAMB, Danielle; CLOSS, Julie. Como
estudar filosofia: guia prático para estudantes. Porto
Alegre: Artmed, 2009.
A discussão como um
método prático
A obra Como Estudar Filosofia reúne de forma didática o conhecimento e
experiências de cinco autores: Clare Saunders, David Mossley, George MacDonald
Ross, Danielle Lamb e Julie Closs − todos filósofos de renomadas universidades
do Reino Unido −, constituindo uma espécie de manual prático direcionado para
alunos de filosofia numa sequência lógica acerca da aprendizagem desde por que
estudar filosofia até a forma de pesquisar. Contudo, somente o capítulo quatro,
sobre discussão, será destrinchados a seguir.
No capítulo referenciado o autor nos
mostra a importância de saber contribuir para uma discussão expressando de maneira
clara nosso ponto de vista, defendendo-o de críticas e apresentando soluções
práticas e viáveis, contribuindo desta forma para um diálogo genuíno, principalmente
no campo filosófico (SAUNDERS et al,
2009). Para isto, a aprendizagem ativa, com grupos de discussão, ajuda a
explorar pontos de vista conflitantes em matérias controversas. Os autores
explicam que em caso de afinidade com o texto é difícil encontrar brechas para
críticas negativas, sendo assim, estar imerso a opiniões plurais ampliará o
ponto de vista do aluno.
Percebemos a indignação dos autores,
ao falar sobre a capacidade de argumentar, com alunos que não se esforçam para
participar de seminários de discussão e/ou não se preparam previamente,
mostrando como a falta de engajamento é frustrante para os professores pelo
fato dessa supressão afetar a turma como um todo, fazendo com que a
aprendizagem ativa, citada anteriormente, não atinja sua excelência. Acredito
que o mesmo se aplica aos fóruns e exposições presentes no sistema EVA do
ensino virtual da Unisul, onde se nota maior assiduidade quando a participação
do aluno é avaliada, ao passo que, desprezada por muitos quando não é. Há
também os casos de participações passivas que contribuem de forma superficial,
sem acrescentar conteúdo, críticas negativas, sugestões ou mesmo dúvidas. Isto
pode ser interpretado, não somente pelo professor, mas também por outros
colegas de turma − que se preparam genuinamente − como falta de interesse, frustrando
os demais envolvidos.
Adiante entramos na parte da
preparação para os debates que é dividida em solo e colaborativa. Às vezes uma
preparação prévia demanda grande quantidade de leitura, neste caso, os autores
lembram que a profundidade da leitura é melhor que a quantidade quando precisamos
tomar decisões inteligentes (SAUNDERS et
al, 2009). Notas concisas de pontos
salientes também são necessárias neste momento. Repare que tais estratégias de
preparação somente contemplará a aprendizagem ativa se estiver diretamente relacionada
com o estudo individual, e mais, de maneira dependente e recíproca, pois a boa participação
de grupos de discussão necessitam de uma organização prévia. Da mesma forma, a
preparação colaborativa é a oportunidade de um debate informal, onde o aluno
poderá praticar as habilidades necessárias para tal, compartilhando leituras,
textos secundários e conversas informais. Acredito, que uma abordagem
genética-historicista neste momento seja ideal para agregar substrato que irão
fortalecer a preparação do debate.
O capítulo chega no ponto da
discussão propriamente dita, indicando que o aluno precisa ter uma atitude
proativa se quiser pensar por conta própria:
Uma
discussão filosofia realmente se dá quando todos operam em dois níveis: pensam
sobre o tópico do debate propriamente dito, consciente do modo como ele se
desenvolve, e fazem intervenções quando há necessidade. Mesmo que haja alguém
responsável pela apresentação, todo os participantes podem contribuir para o
direcionamento e para a força do debate (SAUNDERS et al, 2009, p. 91)
Enxergar a discursão filosófica como
um evento cooperativo é primordial, pois todos buscam uma só verdade, mais do
que algo competitivo.
Os autores também citam que alguns
professores talvez peçam para que um aluno tome nota durante o debate sendo
responsável apenas por esta função, sem participar das discussões. Todavia, essa
prática pode ser problemática se não houver orientações claras nas preparações
iniciais do debate como: escolher previamente o aluno responsável pelas
anotações, orientando-o para tal e, o mais breve possível, oferecer outra
oportunidade de participação. Afinal, como o aluno poderá aprender ativamente
se no momento crucial para praticar as habilidades do discurso filosófico foi
posto de lado para uma tarefa além do que se planejava.
A última parte é sobre as diferenças
entre discussão e seminário. Em seguida, é listada as vantagens da discussão
eletrônica como vencer a timidez, o fato de ser assincrônica, o registro
automático e dispensar locomoção; e também as desvantagens, tais como: falta de
expressões faciais sendo o fator de má interpretação, o caso do aluno ser
disléxico ou de não ter acesso ao computador ou à internet. Essas desvantagens,
no entanto, parecem pouco pertinentes em relação às vantagens, sendo que a
principal diferença entre uma discussão virtual e a presencial é o fator do
controle físico-emocional como o nervosismo, a própria habilidade de dialogar,
a dicção, o tom de voz, a postura, a apresentação pessoal, etc. O capítulo é
concluído em seguida ressaltando que a preparação minuciosa é fundamental para
um debate genuíno.
Sem dúvida tais estratégias
desenvolvem uma boa prática de debates filosóficos, com poucas ressalvas aqui apresentadas.
Os autores conseguem mostrar claramente que a discussão é inerente ao filósofo
e à medida que essas habilidades são ampliadas o estudante passará a aplicá-las
de maneira mais intuitiva, tornando a prática mais prazerosa.
Comentários
Postar um comentário