Série Boas Práticas - Filosofia, Educação e Sociedade (2022-a) - Estudante: Kaynan Maresch
Eis mais uma da boas produções de estudantes para a UA Filosofia, Educação e Sociedade, do primeiro semestre de 2022, da Unisul Digital.
Homem e educação na sociedade de consumo
A
moderna sociedade de consumo que se estabelece em um contexto de pós-modernidade
através da consolidação do capitalismo, com um forte ideal caracterizador do sujeito
social através da objetificação, em uma máxima: “você é aquilo que compra”, reproduz
o ideal burguês através da propaganda, criando constantes novas necessidades, objetivas
e subjetivas, reais e virtuais, materiais e simbólicas (RETONDAR, 2007). Através
dessa contextualização, propõe-se o seguinte questionamento: como a pedagogia
de Paulo Freire e de Platão conversariam imersos nesse contexto da pós-modernidade?
É claro
que o pensamento de Freire, em especial na pedagogia do oprimido, é baseado em
uma perspectiva histórico social, em uma crítica ao sistema vigente, que mantém
o status quo social, gerador, sobretudo, de desigualdades sociais
(KOHAN, 2019). O pensador traz à tona a crítica ao homem modero, quando diz:
|
Uma das grandes, senão a maior, tragédia do homem
moderno, está em que hoje dominado pela força dos mitos e comandando pela publicidade
organizada, ideológica ou não, e por isso vem renunciando cada vez, sem
saber, à sua capacidade de decidir. (FREIRE, 1980, p. 43) |
Entretanto, em um contexto de crescente sucateamento
da educação, pelo menos a fornecida para a população comum, e uma crescente influência
da internet, em especial as mídias sociais, não seria válido questionar se os
novos agentes de manutenção da ordem social não são, sobretudo, os
influenciadores digitais?
Partindo-se
de uma simetria onde os professores são trocados pelos agentes de influência
digital, não seria estranho notar que nos é vendido um ideal de homem, transformados
pelas mídias sociais em um ser que não mais representa a realidade, mas sim um
interesse, o consumo. Dessa forma, é possível notar uma degradação do ideal Platônico,
uma vez que que o homem que deveria ser constituído de valores morais que o
integrassem a sociedade é substituído pelos ideais que servem ao consumo, ambos
morando no além homem, entretanto, nosso ideal moderno é passível de ser visto
na palma de nossas mãos, em uma constante lembrança do que precisaríamos ser
todas as vezes que pegamos nossos celulares.
Portanto,
muitas questões podem ser levantadas quanto às transformações de nossa época e
as possíveis consequências ainda são desconhecidas, apenas cabem especulações,
entretanto, o pensamento de Freire se faz presente, uma vez que acusa o sistema
vigente e aponta para um ensino capaz de transformar o indivíduo consciente de
sua realidade, o que, infelizmente, parece estar cada vez mais distante e de difícil
realização, uma vez que é de interesse de uma casta dominante a manutenção da
ordem e, como diria Freire, os oprimidos estão cada vez mais querendo parecer
com os opressores, realidade que ocorre de maneira sintética, usando a atenção
como moeda de troca nas redes sociais.
Referencias
RETONDAR, Anderson Moebus. Sociedade de consumo, modernidade e globalização. São Paulo: Annablume, 2007.
KOHAN,
Walter Omar. Paulo Freire mais do que nunca mais: uma bibliografia filosófica.
Belo Horizonte: Vestígio, 2019.
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