As nossas escolhas na eleição revelam quem somos?
A
vida é feita de escolhas! Talvez seja esta uma das contribuições mais
significativas da Filosofia moderna para o entendimento da existência humana e
individual. Nós somos feitos de escolhas, frutos das nossas escolhas. Nem todas
as nossas escolhas são livres e conscientes, mas, determinam, inexoravelmente,
a nossa vida, quem fomos, quem somos, quem desejamos ser.
Uma
importante conquista da nossa civilização é o Estado. O Estado, quando
democrático e de garantia dos direitos, supera um estado de violência e de
guerra, de despotismo e de privilégios. No Estado democrático e de direito nós
somos governantes, mesmo que em um só dia. E escolhemos, neste dia, como e por
quem queremos ser governados por determinado período de tempo.
No
dia 05 de 0utubro de 1988, o Estado brasileiro acordou de uma longa e tenebrosa
noite e fez uma escolha: ser uma República, democrática e de proteção, afirmação
e ampliação dos direitos fundamentais da pessoa humana. 30 anos se passaram da
promulgação da “Constituição Cidadã” e muitos tentam reduzi-la a uma carta de
direitos, sem a devida atenção aos deveres. Mas, na Constituição cidadã, cada
direito positivado corresponde a um dever de alguém, indivíduo, instituição, Estado.
E entre estes, o direito do povo de exercer e emanar poder, através do voto.
São
muitos os fatores que levam determinada pessoa a escolher determinado/a
candidato/a. E devemos considerá-los, pois são estes fatores que dominam os
momentos de discussão, debates e lides. Mas, o que raramente transparece nestes
debates é a identificação entre escolhedor e escolhidos. E isto se dá, penso
eu, porque, consciente ou inconscientemente, ao escolher votar em determinado candidato,
nós escolhemos sempre a nós mesmos.
Muito
me inquieta o espanto com que nos deparamos ao saber que determinada pessoa, do
nosso convívio familiar, profissional ou próximo fez determinada escolha para
as eleições que, ao nosso ver, não é condizente com o que julgamos ser este
familiar, colega ou conhecido. As pessoas não são o que pensamos ou queremos
que elas sejam: as pessoas são o que elas são.
Então,
muita calma nesta hora: se a nossa vida é feita de escolhas, as nossas escolham
também revelam quem fomos, quem somos, quem desejamos ser. Você conhece muito
mais uma pessoa se começar a prestar atenção nas escolhas que ela faz, na vida amorosa,
social, política, porque ao escolher ela diz, com muito mais sinceridade do que
quando emite opiniões ou repassa conteúdos na rede social, quem de fato ela é. Boas
escolhas. As nossas escolhas revelam quem somos!
Marciel
Evangelista Cataneo,
Coordenador do Curso de Filosofia da Unisul.
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