Como ensino filosofia? # 8 - O currículo I / segundo ano
Segue o link para minhas aulas de filosofia do segundo ano do ensino médio:
https://docs.google.com/document/d/12zzSVybbZEImP8nmowjXekwZQhUYdIxIcie9flBcC4k/edit?usp=sharing
Uma mudança importante do primeiro para o segundo ano do ensino médio é o aumento do número de aulas, que passam de uma para duas aulas semanais. Com duas aulas já é possível desenvolver bem mais não apenas os conteúdos, mas também a dinâmica das aulas.
https://docs.google.com/document/d/12zzSVybbZEImP8nmowjXekwZQhUYdIxIcie9flBcC4k/edit?usp=sharing
Uma mudança importante do primeiro para o segundo ano do ensino médio é o aumento do número de aulas, que passam de uma para duas aulas semanais. Com duas aulas já é possível desenvolver bem mais não apenas os conteúdos, mas também a dinâmica das aulas.
Particularmente, me importa tentar subverter, na medida do possível, a grande correria que se passa na escola. Assim, aproveito as duas aulas para conversar mais com meus alunos, ter tempo de chegar em sala, criar o ambiente de escuta, retomar o que estamos fazendo e então seguir em frente. Manter a quantidade de avaliações no mínimo possível é outra estratégia que vou abordar em uma postagem futura.
A ideia de construir com os alunos uma “caixa de ferramentas” conceituais funcionou bem como uma forma de retomar conteúdos que eles já aprenderam em diversas disciplinas. A ideia não é exatamente ensinar especificamente o que seja a revolução científica ou a revolução industrial, por exemplo. Trata-se de retomar estes eventos de forma contextualizada, tentando mostrar a sua conexão na história do pensamento. Neste ponto, vejo que minhas aulas de filosofia acabam sendo para muitos alunos um auxílio necessário com o estudo de outras disciplinas. Ao retomar coisas que eles já aprenderam, trocando em miúdos uma “matéria” teórica e desconectada por informações relevantes para se compreender outras coisas, me parece que a filosofia passa a exercer sua vocação interdisciplinar no ambiente escolar.
Como comentei no vídeo, uma boa parte dos meus alunos no ensino médio não tem plena clareza da divisão básica da história (Idade Antiga, Média, Modernidade e Idade Contemporânea). Para desespero dos professores de História, a inabilidade dos estudantes para situar eventos ou personagens em seus respectivos tempos históricos é algo que venho constatando ano a ano, e que me motivou a direcionar parte das minhas aulas do segundo ano para o tema do fim da Idade Média e nascimento da Modernidade. De qualquer modo, vejo essa lacuna muito mais como um indicativo da inadequação ensino escolar no século XXI do que como uma mera falha da escolha pública e de seus profissionais da educação (embora esse fator também não possa ser minimizado). Edgar Morin fala muito bem sobre isso em sua obra A cabeça bem feita:
A ideia de construir com os alunos uma “caixa de ferramentas” conceituais funcionou bem como uma forma de retomar conteúdos que eles já aprenderam em diversas disciplinas. A ideia não é exatamente ensinar especificamente o que seja a revolução científica ou a revolução industrial, por exemplo. Trata-se de retomar estes eventos de forma contextualizada, tentando mostrar a sua conexão na história do pensamento. Neste ponto, vejo que minhas aulas de filosofia acabam sendo para muitos alunos um auxílio necessário com o estudo de outras disciplinas. Ao retomar coisas que eles já aprenderam, trocando em miúdos uma “matéria” teórica e desconectada por informações relevantes para se compreender outras coisas, me parece que a filosofia passa a exercer sua vocação interdisciplinar no ambiente escolar.
Como comentei no vídeo, uma boa parte dos meus alunos no ensino médio não tem plena clareza da divisão básica da história (Idade Antiga, Média, Modernidade e Idade Contemporânea). Para desespero dos professores de História, a inabilidade dos estudantes para situar eventos ou personagens em seus respectivos tempos históricos é algo que venho constatando ano a ano, e que me motivou a direcionar parte das minhas aulas do segundo ano para o tema do fim da Idade Média e nascimento da Modernidade. De qualquer modo, vejo essa lacuna muito mais como um indicativo da inadequação ensino escolar no século XXI do que como uma mera falha da escolha pública e de seus profissionais da educação (embora esse fator também não possa ser minimizado). Edgar Morin fala muito bem sobre isso em sua obra A cabeça bem feita:
Assim, os desenvolvimentos disciplinares das ciências não só trouxeram as vantagens da divisão de trabalho, mas também os inconvenientes da superespecialização, do confinamento e do despedaçamento do saber. (…) Em vez de corrigir esses desenvolvimentos, nosso sistema de ensino obedece a eles. Na escola primária nos ensinam a isolar objetos (de seu meio ambiente), a separar as disciplinas (em vez de reconhecer suas correlações), a dissociar os problemas, em vez de reunir e integrar. (…) Em tais condições as mentes jovens perdem suas aptidões naturais para contextualizar os saberes integrá-los em seus conjuntos. (MORIN, 2011, p. 15)
Mas este já é um assunto para reflexões críticas sobre meu próprio plano de ensino, reservadas para momentos futuros desta série.
*OBS: No conteúdo sobre os filósofos empiristas ingleses (terceiro bimestre), acrescentei recentemente mais duas aulas sobre filosofia política, mostrando como alguns desses filósofos, como Hobbes e Locke foram teóricos do contratualismo. Nesse encontro de duas aulas recorro à exposição horal mesmo para construir um breve panorama do contexto político da revolução francesa e do nascimento do Estado Moderno. Apresento Hobbes, Locke e Rousseau a partir de suas semelhanças (como contratualistas) e diferenças em relação à posição do Estado. Neste dia passo também um breve vídeo que acompanha o material didático do livro Filosofando (ed. Moderna). O vídeo chama-se direitos humanos e integra o conteúdo de multimídia associado ao livro, disponibilizado no site da editora.
Referências
Nas descrição das aulas vão aparecendo os ícones indicando leituras e vídeos. Para quem estiver interessado, deixo aqui as referências desses materiais complementares (elas estão na ordem em que aparecem na sequência das aulas):
Livros
CHAUÍ, M. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2010.
ARANHA, M. L. MARTINS, M. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: moderna, 2013.
Filmes
As 100 maiores descobertas da astronomia – Discovery Science (pt1). Disponível em: https://youtu.be/qnHbzz_Kd2o
Última entrevista a Paulo Freire -1997. Disponível em: https://youtu.be/Ul90heSRYfE
Discurso de Gandhi- não à violência. Disponível em: https://youtu.be/fNi_awBbnw0
Democracia sequestrada- José Saramago. Disponível em: https://youtu.be/m1nePkQAM4w
O nome da rosa – (Annaud, 1986). Disponível em: https://youtu.be/KN0jZIMRhxI
Home- (Bertrand, 2009). Disponível em: https://youtu.be/9UiF2NF1_fE
Kant e a educação – (Severino, ) disponível em: https://youtu.be/WILVmTQQwkg
Quem somos nós? - (Arntz, 2004). Disponível em: https://youtu.be/0ljf3P3O51s
Acompanhe o projeto "Como ensino filosofia?". Toda quinta um novo conteúdo :)
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