Como ensino filosofia? # 37 - Maio de 2019



De volta às manifestações estudantis

   Impossível seguir falando de educação sem mencionar as manifestações estudantis que ocorreram ontem por todo o país! Como neste ano estou de volta à academia (doutorado em filosofia – UFSC) pude ver de perto com satisfação esta enorme mobilização sendo construída pelos estudantes desde o início da semana por todo o campus.
 
 Não é a primeira e não será a última, mas me parece que dois elementos deste grande movimento tomou conta do país merecem atenção:

1 - Quase sempre as greves e manifestações na educação surgem a partir dos professores e os estudantes são logo vistos como “massa de manobra”, para usar as palavras do atual presidente. Mas desta vez esse argumento nem tem como ser postulado. Diante dos cortes de bolsas de pesquisa e da possibilidade real de inviabilização do funcionamento das Universidades públicas e fechamento de Institutos Federais são o alunos quem assumem a dianteira na luta pela sua própria educação.     
 
2 - A luta dos professores pela educação pública de qualidade invariavelmente tem como elemento central em sua pauta a luta salarial. No passado lutávamos por melhores salários; nas últimas greves lutamos para não perder direitos salariais já conquistados. Mas a reivindicação válida por mais dinheiro frequentemente é utilizada por críticos para lançar suspeitas sobre o movimento, dividindo a opinião pública. Desta vez, entretanto, passamos a lutar não por melhores condições, mas pelo direito de poder continuar a existir; pelo direito de ser professor, de ser aluno, de ser um cidadão. A força dessa reivindicação não deve ser subestimada.  

   E para terminar, as medidas do atual (des)governo acabam por unificar todas as forças da educação em um só movimento. Parece que sem refletir muito bem, um traço já bem característico nestes quatro meses de mandato, o atual presidente e seu ministro criaram a condição que antes só habitava em cartazes e nos melhores sonhos dos sindicalistas: TODOS JUNTOS PELA EDUCAÇÃO.

Acompanhe o projeto "Como ensino filosofia?". Toda quinta um novo conteúdo :)

Comentários

  1. Eu também estive lá. Tinha um número significativo de pessoas. Isto é bom, pois como indica Hannah Arendt poder é número...

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  2. É isso aí CEM! No dia 30 estaremos lá novamente.

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